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sábado, 25 de maio de 2013

Sob ameaça de rejeição do Senado, Câmara tem de votar três MPs até terça-feira





O primeiro teste que pode colocar em prática a decisão do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), de não aceitar votar mais nenhuma medida provisória (MP) que venha da Câmara, sem antecedência mínima de sete dias para o fim validade, pode ocorrer semana que vem.
Para cumprir o prazo estipulado pelo Senado, até terça-feira (28), os deputados precisam votar três MPs (598, 599 e 601) que trancam a pauta da Câmara e perdem a validade no dia 3 de junho. Apesar de nenhuma delas ser polêmica, o feriado de Corpus Christi na quinta-feira (30) deve esvaziar o quórum na Casa durante a semana.
Se depender de Renan, no Senado, episódios como o da votação da MP dos Portos – quando a Casa só pôde votar a proposta poucas horas antes do prazo final – não vão mais se repetir, mesmo que a matéria seja de extrema importância para o governo.
“O que fica claro desde já é que, se for o caso de a Câmara mandar para o Senado uma medida provisória com menos de sete dias, a responsabilidade não é do Senado. A responsabilidade é da Câmara, porque ao fazer isso ela está retirando prazo de o Senado debater melhor a matéria e decidir melhor sobre qualquer assunto”, advertiu Renan.
O presidente do Senado disse ainda que já conversou com o colega da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN), sobre o assunto e pediu que o colega priorize a votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 70, que já foi aprovada pelo Senado.
Entre as oito propostas com o objetivo de mudar as regras de tramitação de medidas provisórias que estão na Câmara, essa é a mais avançada, mas há oito meses aguarda a criação de uma Comissão Especial na Casa para ser apreciada. Diante do mal-estar causado pela votação da MP dos Portos, no mês que vem, o grupo deve ser criado pelo presidente Henrique Alves. Ele reconheceu que Renan teve razão nas críticas e admitiu que a questão precisa ser resolvida.
O texto da PEC 70 prevê 80 dias para os deputados votarem uma MP e mais 30 dias para os senadores. Nas duas Casas, dez dias antes do fim do prazo de tramitação, a MP passa a trancar a pauta. Além da redefinição de prazos, outra novidade é a análise da admissibilidade – considerando critérios de urgência e relevância – da MP pelas comissões de Constituição e Justiça das duas Casas nos primeiros dez dias de tramitação em cada uma. Em caso de rejeição, se não houver recurso para decidir a questão em plenário, a MP passa a tramitar como projeto de lei em regime de urgência.
Hoje medidas provisórias têm validade de 60 dias, prorrogáveis por mais 60. A regra em vigor atualmente também diz que o prazo de tramitação total desse instrumento, considerando as duas Casas, deve ser de 45 dias. Quando não é votado nesse período, ela passa a trancar a pauta da Casa onde estiver.

Apesar de a base reconhecer que há problemas sobretudo nos prazos de análise de MPs pelas duas Casas, qualquer mudança no rito de tramitação de medidas provisórias deve enfrentar resistências. “Acho que nessas matérias polêmicas, sobretudo no rito de tramitação de medidas provisórias e vetos, nós temos que construir um entendimento entre os presidentes da Câmara e do Senado. Qualquer tentativa de enfrentamento não é benéfica para as duas Casas e nem para o Legislativo”, avaliou o líder do PT na Câmara, José Guimarães (CE).
Do dia 22 de dezembro de 2012, quando começou o recesso parlamentar, até a última sexta-feira (24) o governo enviou ao Congresso 19 medidas provisórias. No momento, 16 estão na Câmara e outras duas no Senado.

Karine Melo
Repórter da Agência Brasil

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